sábado, 25 de março de 2017

NOTA DE REPÚDIO JSB FEMINISTA

"A JSB Feminista, em conjunto com as mulheres que estiveram participando da 10ª Bienal da UNE que ocorreu em Fortaleza-CE entre os dias 29 de janeiro a 1 de fevereiro, vem por meio desta nota repudiar os casos de abuso sexual praticados contra mulheres da nossa delegação por um integrante do Movimento Estudantil Independente Organizado (MEIO).


Durante o último dia de Bienal, quando nossas delegações de vários estados do país já se organizavam para partirem, recebemos denúncias de abusos sexuais sofridos por 5 meninas do nosso movimento, sendo que duas delas optaram por, corajosamente, efetivar a denúncia contra o agressor à polícia. O militante do MEIO foi acusado de tentar tirar a roupa de duas militantes em uma noite, mais duas em outra noite e de ter efetivado estupro via conjunção carnal em outra.

O relato da companheira foi divulgado entre as mulheres que se organizam dentro do nosso coletivo e foi levado à polícia, onde, após interrogatórios
, investigações e exames, o estupro foi comprovado e o criminoso foi detido pela Polícia de Fortaleza.

Apesar disso, tanto o agressor quanto sua organização, não se manifestaram de nenhuma forma em favor das mulheres abusadas ou do coletivo a que elas fazem parte, o que compreendemos configurar apoio indireto às práticas machistas recorrentes de homens que além de se apoiarem em crimes bárbaros como este, escondem e colocam a sujeira para debaixo do tapete, compreendendo que a “imagem” de um coletivo é mais importante que a honra e a preservação psicológica de mulheres violentadas independente de fazerem parte de movimentos organizados ou não.

A postura do MEIO e de seus militantes demonstra a falta de respeito que essa organização tem com as mulheres o que nos leva a EXIGIR que o mesmo não esteja mais em nossos espaços, compondo, participando ou mesmo como convidados, uma vez que nossas mulheres (e nenhuma outra) se sentirão seguras novamente perto de um movimento com atitudes machistas e sem qualquer tipo de preocupação com a luta contra a violência contra a mulher.

Não são poucos os relatos de mulheres que foram desrespeitadas, abusadas, estupradas em espaços dos movimentos sociais, e isso nos envergonha, nos amedronta, mas nos encoraja a querer construir um lugar mais seguro para todas nós, onde quer que estejamos. O machismo no ME e em espaços políticos no geral deve ser combatido cotidianamente, e todas as organizações políticas devem tomar essa tarefa para si.

Quando deixamos que casos como este sejam esquecidos, deixamos que mais mulheres sejam abusadas e mais homens acobertados.

O combate às opressões deve ser feito no ME e em todas as outras correntes, e não devemos aceitar que a esquerda reproduza o machismo que tanto combatemos no dia a dia.

Enquanto existir o machismo em nossos espaços, nós continuaremos na luta!"

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